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Entrevista com P.J. Maia, autor de “Espírito Perdido”

Hoje, dia 23 de março, celebramos 4 anos da publicação do livro “Espírito Perdido” e, para comemorar, chamamos o autor P.J. Maia para contar um pouquinho sobre sua trajetória e experiências desde a publicação. Diferente de muitos autores independentes, P.J. Maia publicou o livro nos Estados Unidos e depois nos procurou para publicar a versão em português. Confira a entrevista na íntegra logo abaixo.

Foto: ©Mariana Bastos

Como foi o processo de publicação do seu primeiro livro de forma independente nos Estados Unidos? Você optou de primeira pela autopublicação ou procurou uma editora tradicional? Sobre a publicação no Brasil: como você chegou até a Labrador? Fale um pouco sobre como foi esse processo conosco.

Ocorreu tudo no susto. Eu sabia que tinha uma história forte e ambiciosa nas mãos, que eu era novato e não tinha contato com o universo literário nos Estados Unidos. Participando de grupos de literatura independente eu descobri a autopublicação como uma maneira de garantir que a história chegasse aos leitores, o que sempre foi minha preocupação principal. Nos Estados Unidos eu e a Carol Melo – designer responsável pelo projeto gráfico do livro – fizemos todo o processo forma independente, pela Amazon. Já no Brasil, o serviço não era oferecido, então após a tradução do livro fui atrás de alguém que pudesse ser parceiro, e assim conheci a Editora Labrador.

Como você acha que a sua formação em roteiro de cinema na NYU contribuiu para a escrita do livro? Você trouxe alguns elementos que aprendeu com a escrita de roteiros? E, para você, qual é a maior diferença em escrever um livro e um roteiro?

Acredito que minha formação ajudou bastante na escrita do livro, já que pude utilizar elementos aprendidos na construção da trama e dos personagens. Ainda assim, acho que a maior contribuição tenha sido a capacidade de visualizar a história e imaginar como ela seria transmitida em cenas de filme, o que ajudou a criar uma narrativa mais dinâmica e envolvente.

Quanto à diferença entre escrever um livro e um roteiro, acho que a maior diferença seja a liberdade criativa que o livro proporciona. Enquanto no roteiro existem muitas limitações em relação ao formato, tempo e orçamento, no livro é possível explorar ideias de um jeito mais livre e sem tantas restrições. As duas formas de escrita são desafiadoras e requerem muita dedicação, trabalho árduo e alguma teimosia.

Você criou um universo fantástico, repleto de personagens cativantes e com uma história engenhosa. Percebe-se o cuidado com as ambientações dentro da sua narrativa, que se passa na Idade da Pedra – um momento bem atípico para ser explorado dentro do gênero Fantasia. Você precisou consultar especialistas e fazer estudos sobre esse período? Como foi o seu processo de escrita?

De fato, para construir o universo fantástico e as ambientações do livro, foi necessário um grande trabalho de pesquisa e consulta a especialistas. O arquiteto Paulo Bellé e a geógrafa Luna Chino foram fundamentais nesse processo, trazendo informações valiosas sobre como deixar uma aventura na Idade da Pedra descrita e disposta nas páginas do jeito mais verossímil e coerente possível.

Acabei pesquisando bastante sobre o período, especialmente antropologia e paleogeografia, para que pudesse ambientar a narrativa num contexto envolvente e convincente. Além disso, busquei inspiração em outras obras de fantasia que exploraram esse período, mas sempre procurando trazer elementos originais e únicos para o reino de Divagar.

Quanto ao processo de escrita, foi bastante desafiador, mas também muito prazeroso. Era muito importante pra mim manter a coesão da trama e dos personagens, e poder criar diálogos e descrições que fossem adequados ao universo em que se passa a história. Mas, ao mesmo tempo, pude me divertir muito criando esse universo fantástico e dando vida a personagens que já existiam na minha mente.

O ofício de escritor no Brasil é cheio de dificuldades, mas costumam ser bem diferentes para cada gênero literário. Quais foram os maiores desafios que você enfrentou como escritor independente de fantasia científica?

Um dos maiores desafios que eu enfrentei foi justamente o de encontrar meu público e fazer com que a história chegasse até eles. Como esse é um gênero bastante específico, nem sempre é fácil encontrar leitores interessados.

Além disso, a divulgação do livro também foi um desafio, já que eu era marinheiro de primeira viagem e não tinha parâmetros claros de como se promover uma história para nos leitores. Foi preciso muito empenho nas redes sociais e em outras plataformas para divulgar a obra e conquistar leitores.

Mas apesar desses desafios, não posso deixar de dizer que foi uma experiência incrível poder criar um universo fantástico e compartilhá-lo com os leitores. Acredito que, com persistência e dedicação, é possível superar essas dificuldades e alcançar o sucesso na carreira de escritor independente.

“Espírito Perdido” possui mais de 400 resenhas na Amazon – um feito e tanto! Como você lida com os feedbacks dos leitores? Você recebe mensagens com sugestões e pedidos de um próximo livro?

É uma alegria saber que “Espírito Perdido” tem tantas resenhas positivas na Amazon. Acho que quem lê o livro percebe nas páginas o carinho e dedicação com o qual a história foi criada. 

Vieram alguns pedidos e conselhos também de como a gente pode melhorar a experiência de leitura na segunda edição, com alterações no design do livro, pra simplificar o entendimento desse universo que é tão detalhado. O que é pedido e está ao nosso alcance, sempre será atendido. 

Sempre chegam mensagens cobrando o próximo livro e ele vem, sim. A continuação de “Espírito Perdido” está prevista pra 2024 e acho que os novos rumos da trama vão deixar o pessoal de cabelo em pé. (Risos)

Quais são suas percepções ao longo desses 4 anos de publicação de “Espírito Perdido”? Você faria algo diferente?

Nesses quatro anos desde a publicação de “Espírito Perdido” eu aprendi muito sobre a escrita em si e sobre o mercado editorial.

Ao olhar para trás, sinto que o livro foi um grande passo em minha carreira como escritor e me trouxe muitas experiências valiosas. Eu não acho que faria nada diferente porque as decisões que foram tomadas pareciam as melhores, naquele dado momento, com o conhecimento que eu tinha disponível.

Com o próximo livro certamente sinto que as coisas estão caminhando de outra forma, com mais segurança e experiência, mas ainda na mesma apreensão e expectativa de sempre: escrever uma história que fascine, inspire, entretenha, faça pensar e tenha razão de ser.

Acho que foi possível alcançar isso com “Espírito Perdido” e ficarei muito feliz se a continuação fortalecer o legado de Keana e seus amigos. 

E para finalizarmos, qual conselho você daria para os escritores que estão começando a carreira e desejam publicar de forma independente?

Fico meio sem graça de dar um conselho que pode parecer batido, mas acho que não tem outro motivo de concluir um livro independente: sinto que é preciso ter muita convicção no que se está criando e acreditar piamente que aquilo pode ter um valor pra um público, por mais que ele ainda não saiba que essa história existe. O entusiasmo é um ótimo aliado no começo, mas projetos independentes levam bastante tempo e pedem uma firmeza a longo prazo pra além do entusiasmo: se você não se mover pra concluir o objetivo de levar um livro de encontro a quem o leia, ninguém mais vai fazer isso por você.

Espírito Perdido” está disponível nas principais livrarias e lojas on-line.

Editora Labrador

A Labrador é uma editora de autopublicação, especializada na publicação e distribuição de livros físicos e digitais para autores independentes.

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