O post de hoje foi escrito por Bia Mendes, consultora em comunicação e língua portuguesa, com experiência de 20 anos no mercado editorial. Como sempre pensamos em assuntos que possam ser interessantes para nossos leitores, essa semana decidimos falar um pouquinho mais sobre a comunicação e a sua importância em todos os contextos!
Comunicação é relacionamento. Eu só me comunico se eu me conecto com o outro, me expresso e ele me entende.
A boa comunicação é a reunião de empatia, intenção e troca. Eu tenho que conhecer o assunto que estou tratando, com quem estou falando e dominar a forma como escrever. A boa comunicação é me fazer entender, o que só é possível se eu dominar a língua em que me comunico.
Nos meus cursos de Português e Escrita gosto de citar um belíssimo trecho do texto “Sobre a escrita e o estilo” do filósofo alemão Arthur Schopenhauer: “(…) os pensamentos obedecem à lei da gravidade, de modo que o caminho da cabeça para o papel é mais fácil do que o caminho do papel para a cabeça, então é preciso ajudar o leitor no segundo percurso com todos os meios à nossa disposição”*. Embora dispense explicações, gosto de reforçar que é essencial ter em mente que o meu pensamento pode sair fácil da minha cabeça para o papel, teclado, tela. Mas ele tem que – tão facilmente quanto – chegar ao meu interlocutor de forma que ele compreenda o que eu escrevi. Tenho que ser gentil com o meu leitor.
E como conseguir isso? Conhecendo e dominando os recursos disponíveis. Dominando as ferramentas da comunicação. No nosso caso, a língua portuguesa e suas estruturas. Escrever bem vai além de dominar as regras e exceções da língua. Tão importante quanto isso é preciso, antes de tudo, organizar as ideias, planejar o que vou escrever e ter o domínio do assunto ou tema tratado: o que quero dizer, o que conheço desse assunto, como quero contar minha história? E também devo conhecer minha audiência: para quem estou escrevendo? Que linguagem é a mais adequada para chegar até ela? Quanto e que tipo de informação preciso dar? Com essas perguntas respondidas, eu posso escrever. E, então, escrever, escrever… Escrever muito! E sem descuidar, nunca, das regras de grafia, de acentuação, das regências, das concordâncias, do uso dos verbos, dos sinais de pontuação, das vírgulas…
É o conjunto que faz o sucesso. Ideias organizadas + texto bem-feito = comunicação bem-sucedida!
* este trecho é do livro Schopenhauer – A Arte de Escrever, da Editora L&PM Pocket. Organização e tradução de Pedro Süssekind.