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Os quase-autores: um bom motivo para tirar seu livro da gaveta

Existe um livrinho russo chamado “Nós”. E só. Não tem nada de especial, é um pequeno escondido nas sombras de gigantes e não revela nada além de um pronome e de um autor de nome esquisito. Quem o vê, não se sente atraído pela ideia de perder tempo com ele, afinal, não é um livro consagrado, famoso.

O que poucos sabem é que, no século passado, certo escritor leu esse livro e, inspirado por sua história, resolveu escrever a própria. E o mesmo aconteceu com outro escritor. E depois outro. E depois mais outro. Ninguém jamais desconfiaria que aquele livrinho pegando poeira na livraria inspiraria “Admirável mundo novo”, “1984”, “Laranja mecânica” e toda uma geração de escritores distópicos que visualizavam um futuro obscuro para uma época obscura.

“Nós” mudou mais vidas do que todos os livros (e filmes) de distopia, unicamente porque “Nós” deu um empurrão para que eles surgissem. Não precisou entrar na lista de autores grandes e famosos, bastou ficar lá e ser o que o mundo precisava que ele fosse: uma história que alcançasse as pessoas certas.

Atualmente, vemos muitos autores com textos nas gavetas inseguros de publicar e não ter retorno. São autores com a obra pronta que se perguntam: “Meu livro é bom o suficiente para entrar na lista dos mais vendidos? É bom o suficiente para ser resenhado pelo blogueiro do momento? É bom o suficiente para ganhar destaque nas livrarias?”. Com o pé no chão, esses autores se sentem inseguros, não acham que são bons o suficiente e, como resultado, desistem de publicar. Deixam os livros lá, guardadinhos na gaveta, pra quem sabe um dia… E tornam-se “quase-autores”.

Voltemos a Zamiatin, o autor de “Nós”. Ele contrariou a censura soviética para criticar a sociedade em que vivia e nunca – nem mesmo depois de morto – alcançou fama e sucesso. “Nós” não foi adotado em escolas, não recebeu um Pulitzer, não foi recomendado por nenhum youtuber famoso. Mas, ainda assim, sua importância para a literatura mundial é incontestável.

E imagine se “Nós”, pequeno e humilde, se mantivesse na gaveta? O clássico de George Orwell também não existiria, assim como tantas obras que amamos.

O que queremos dizer com isso é: não deixei de publicar com medo de não se tornar um best-seller ou de que seu livro não seja considerado uma obra-prima. Você não precisa ter as edições esgotadas, uma aprovação do The New York Times. Tudo o que você precisa é de um leitor que seja verdadeiramente tocado por sua história, que a encontre e fique feliz por isso.

Porque é isso que nós procuramos quando escrevemos um livro: alcançar nosso leitor. Uma vez cumprido esse objetivo, já somos escritores. E dos bons!

Editora Labrador

A Labrador é uma editora de autopublicação, especializada na publicação e distribuição de livros físicos e digitais para autores independentes.

One thought to “Os quase-autores: um bom motivo para tirar seu livro da gaveta”

  1. Nossa, esse texto foi bem motivacional, tenho muitas ideias, ao mesmo tempo começo a escrever e paro, outras vezes penso: quem vai se interessar pelo que escrevo? Mas hoje consegui terminar um livro, por incrível que me pareça, afinal já comecei tantas vezes, e nunca terminei, embora esse seja bem diferente dos outros, os outros são histórias que crio, esse escrevi sobre um momento da minha vida, apenas um período curto, que me renderam 27 páginas em formato A4, me parece tão pouco, mas é tão verdeiro, bobo, engraçado, um trecho sobre mim, mas que escrevi tão rápido, foi tão empolgante, poderia escrever mais, mas sinto que para este livro é o suficiente. Encontrei vocês pois estou procurando uma editora que queira publicar, mas não quero pagar, e pelo que estou vendo em minhas pesquisas, talvez seja impossível, já que é minha primeira vez, sou desconhecida e não tenho muitos seguidores nas redes sociais.

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