Já quis saber como um livro sai de uma editora e chega a uma livraria? E se o livro físico sofreu mesmo com a chegada do livro digital? Responsável pelo departamento comercial do canal de livrarias na Catavento, Wendel Almeida participou da nossa entrevista “Nos bastidores da autopublicação” desse mês e abre o jogo sobre a verdade da distribuição de livros! Confira a entrevista abaixo:
- Vocês distribuem livros para diversas livrarias, certos? Como se dá essa abordagem?
Como nosso catálogo é extenso e diversificado, procuramos atender ao maior número de livrarias possível; contamos, portanto com uma multiplicidade de possíveis abordagens. Usamos desde formatos antigos, como ligações com clientes, nas quais os livreiros nos contam o que tem acontecido em suas lojas e falam sobre o que leram no fim de semana, até e-mails (e-mail marketing) e formas mais contemporâneas, como o contato através de redes sociais (Facebook e o Instagram) e o WhatsApp, que vem cada vez mais substituindo o telefone.
A forma de se comunicar vem mudando com o passar dos anos, devido ao avanço da tecnologia. Hoje, temos inclusive uma plataforma por meio da qual o cliente consegue fazer seus pedidos com mais agilidade e assertividade. É possível, também, visualizar as várias campanhas e promoções de editoras que antes passavam despercebidas pelo atendimento convencional. Esse modelo de atendimento proporciona algumas facilidades, uma vez que não há restrições de horário, e o usuário pode realizar seu pedido de casa, por exemplo.
- O processo de distribuição sofreu com a chegada do livro digital?
O processo não foi alterado de maneira drástica. Eu acredito que o impacto não foi amplo, uma vez que o fenômeno é de pequena escala, quase impossível de mensurar.
O livro digital, a meu ver, auxilia na divulgação do livro físico. O leitor de e-book possui um perfil distinto do leitor clássico; prefere o virtual pela comodidade, economia de espaço e outros aspectos atrelados à distribuição digital. Dificilmente o consumidor on-line volta ao livro físico; entretanto, à medida que consome, se torna um divulgador da obra. Passa a comentar e indicar livros a amigos, que, em muitos casos, buscarão a versão física do exemplar.
- Como é seu dia a dia?
O dia a dia é extremamente desafiador. Trabalhamos com uma matriz com mais de 400 editoras, cada uma com inúmeros clientes e com inúmeros lançamentos por mês.
Toda editora almeja aumentar suas vendas, colocar seus livros no maior número possível de pontos de venda, solucionar o problema de exposição da cauda longa e, é claro, alavancar o lançamento; tudo isso sem sacrificar a margem de lucro. Entretanto, do outro lado da equação, temos a livraria, com espaço limitado, pouca tecnologia e brigando por mais 1% do valor do livro.
Tendo isso em vista, o dia a dia aqui na Catavento é composto por uma rotina de acompanhamento de resultados que vai desde nosso desempenho em relação à meta, passando pelo desempenho dos vendedores em relação às editoras para quem fazemos campanha, pelo acompanhamento de níveis de estoque e encomendas, e indo até a programação de marketing (divulgação de editoras), entre tantas outras coisas.
- Como é trabalhar e distribuir livros para uma editora de autopublicação?
Desafiador.
A primeira barreira é gerar uma demanda; criar uma necessidade para os pontos de venda. Por que as livrarias exporiam um determinado livro, de uma pessoa sem histórico no mercado editorial, se podem contar com produtos de uma editora “grande”, que já vem disputando espaço e querendo pagar para estar na prateleira?
O segundo desafio, que nasce com a editora e reflete no distribuidor, é fazer o autor entender que o processo de venda vai além da paixão por escrever. O livro é um produto com grande concorrência e que, como qualquer outro, precisar ser “lançado”. A divulgação é essencial, uma vez que, para obter sucesso, os atuantes do meio precisam se fazer conhecer: precisam apresentar seu produto, para ajudar a gerar uma demanda. A notícia boa é que hoje esse processo é bem mais acessível, principalmente, devido à popularização das mídias sociais.
- O que você daria como conselho para um autor que queira colocar seu livro nas livrarias?
Ajudem a gerar demanda! Promovam-se como pessoa, promovam seus livros.
Mapeie sua estratégia. Pergunte-se: “para qual público estou escrevendo?”, “qual o tamanho desse público?”, “onde ele está?”, “o que ele ouve?”, “ao que ele assiste?”.
Procure parcerias, como clube de livros ou o próprio Skoob, que é hoje a maior rede social de leitores.
- Você pode falar um pouco mais sobre o Bom de Livro?
O Bom de Livro é uma plataforma desenvolvida entre a Clic Sistemas e a Catavento Distribuidora que nasceu com o intuito de ajudar livraria e editora a darem o primeiro passo rumo ao digital.
Hoje as livrarias físicas perdem vendas para os sites e os marketplaces. A ideia é: quanto maior o acervo, maior a audiência. E o acervo da livraria é mais limitado que o das plataformas digitais.
O Bom de Livro oferece mais de 70.000 títulos sem nenhum investimento em estoque. Responsabiliza-se por contratos de menor custo com os Correios, assim como pela realização de todo o trabalho logístico, o que geralmente é um serviço contratado por terceiros pelas companhias expositoras. E, por fim, coloca a livraria nos marketplaces de destaque, como Mercado Livre, Submarino e outras plataformas virtuais.
Além disso, para a editora, torna-se mais um ponto de exposição e venda. Por exemplo, a Labrador, que é uma editora distribuída pela Catavento, já está disponível na Bom de Livro e na Leonardo da Vinci e, até junho, estará disponível em outras plataformas.
Caso você queira ler mais sobre a Catavento e o Bom de Livro, clique na matéria da Publishnews aqui.
