Você sabe o que é selenofobia? Turofobia? Anatidaefobia?
Essas palavras significam respectivamente medo da lua, medo de queijos e medo de que um pato esteja te observando. Pode parecer bizarro e irracional, mas para algumas pessoas são pavores reais e desafiadores, que muitas vezes estão ligados a traumas e, principalmente, vêm acompanhados do preconceito.
O medo, por ser um sentimento tão primitivo e inconsciente, é essencial para nossa sobrevivência: ele impede que nossa vida e integridade, física e emocional, sejam colocadas em risco. Entretanto, em alguns casos, ele pode se tornar mais um obstáculo do que uma técnica de defesa.
É o que acontece com o menino do livro “O menino que tinha medo de crianças”, de Gisele Garcia. Em um primeiro momento, é estranho pensar que uma criança possa ficar apavorada perto de outra, mas como a história tão sutilmente aponta, ninguém entende esse medo — muito menos o menino. É apenas uma sensação paralisante, que o faz fugir de possíveis amigos mesmo contra sua vontade. O que fazer, então?
Bem, é aqui que reside a magia dos livros infantis: eles trazem assuntos muito importantes, que precisam e devem ser discutidos com as crianças, e, se bem trabalhados, levam a resoluções que as ajudam a entender melhor o mundo e elas mesmas. O medo em especial é um tema que afeta todos os pequenos — afinal, quem nunca teve medo do escuro, de trovões, do boneco com cicatrizes? Hoje, podem parecer para nós, adultos, medos distantes e sem importância, mas se forem não bem tratados, podem se virar verdadeiras fobias (nictobofia, astrofobia, pediofobia).
Como enfrentar? Como superar? No caso do menino, foi sua coragem e paciência que o ajudaram a enfrentar seus “receios”, o que passa uma bela mensagem para qualquer leitor — seja ele jovem ou mais velho — de que não será a força ou a pressa que resolverão a questão. E, ao final, ele levanta uma simples pergunta: precisamos ter medo?
Por fim, vale ressaltar as belas ilustrações de Jarbas Domingos, que ajudam a construir esse cenário de terror, de superação e de catarse, quando finalmente o menino percebe que seu medo não era tão amedrontador assim.
