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labratório: dias de chuva

Labratório: Dias de Chuva

Já reparou em como algumas pessoas têm mais facilidade para lidar com crianças? Em como os pequenos se sentem automaticamente mais confortáveis e comunicativos com elas, como se fossem velhos amigos que se re-encontram no metrô e resolvem resgatar uma velha gargalhada? Será que elas têm um super-poder, um dom escondido ou um chamado da natureza? 

Na verdade, não existe fórmula nem mágica. Quando se deparar com esse tipo de situação, observe com atenção para entender qual é o grande “segredo”: os dois conseguem se ver.   

O que você de fato está vendo quando olha uma criança? Uma criaturinha que se move e precisa ser alimentada (e limpa) constantemente? Uma coisinha fofinha, engraçadinha e que faz barulhinhos? Ou você vê uma pessoa em desenvolvimento, com potencial e um futuro, descobrindo a vida e o mundo ao redor? Vê sua personalidade, seu intelecto e seus sonhos? Você consegue de fato ver o ser humano por trás das bochechas rosadas?

Quando você se permite olhar nos olhos de uma criança e encará-la como uma pessoa de verdade, ela olhará de volta e também o verá. Vocês se enxergam e se tratam como iguais, porque se percebem assim. Com esta troca, você terá umas das maiores lições que uma criança pode te ensinar: a empatia.

Vinícius, por exemplo, ensinou (e ensinará) muita gente a ser empático, em especial sua mãe Kassiane. No meio da tempestade com a descoberta de seu diagnóstico, houve dor, choro, cansaço, luto, luta e muito, muito medo. Mas entre todos esses granizos e ventos cortantes, Kassiane viu a pessoa que existia dentro dele — e toda dor, choro e afins ajudaram a pessoa dela encontrar a dele. Quando a chuva passou, parece que nunca existiu dia mais lindo. 

Então por que não ir além? Por que não encontrar outras pessoas, olhar nos olhos delas e ver o que existe ali dentro? Não só das crianças, mas das mães (e pais, e avós, e todos que estejam nessa função) que existem por trás delas. Ensinar que elas ainda são mulheres, esposas, irmãs, filhas, trabalhadoras e pessoas. Que existe a parte ruim de ser mãe, que cansa e dá vontade de chorar, que estão fazendo o melhor possível mas às vezes querem jogar tudo para o alto. E tudo bem ser assim, porque elas também são seres humanos e a maternidade faz parte disso. 

Com “Palmas, pra que te quero?”, a autora nos mostra essa realidade difícil, mas o faz com sinceridade e coragem, porque sabe que existem outras mães que precisam desse colo. Elas não estão sozinhas. 

Esta é a grande lição do livro: ser empático e acolher o outro. Como uma mãe. Olhar nos olhos de outra pessoa e mostrar que ela não é um brinquedo ou uma máquina: ela importa e é digna de atenção. Ela vai além do rótulo a que foi encarcerada e nem deveria estar ali para começo de conversa. Ela é uma pessoa e, enquanto pessoa, merece respeito e muito, muito amor. 

Editora Labrador

A Labrador é uma editora de autopublicação, especializada na publicação e distribuição de livros físicos e digitais para autores independentes.

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