Alalaô-lalaô! Último dia do mês com gostinho de carnaval – tem coisa melhor? Para aproveitar o embalo de festa, preparamos para vocês nossa primeira entrevista do ano com Fábio Uehara, que fala sobre produção de booktrailers e podcasts! Caiam na folia do blog com a gente e leia abaixo a entrevista:
- Um booktrailer tem o objetivo de despertar o interesse do público a comprar um livro, certo? O que torna um booktrailer bom? E o que não pode faltar?
Sim. O booktrailer é uma peça de comunicação criada para instigar o público, dando um caminho visual, o clima do livro. É mais ou menos algo como a capa faz com o livro, sendo uma representação visual do seu conteúdo e o booktrailer pode ser considerado uma representação audiovisual em movimento. Acredito que o essencial – além de ter a capa, título/subtítulo e nome do autor, logotipo da editora- o vídeo deva ter o clima do livro, ou seja, as escolhas das imagens e da trilha casem com o conteúdo.
- Sabemos que BT são utilizados como ferramenta de marketing para divulgar um livro. Existe um momento certo para lançar? Isso varia de livro para livro?
Ele deve fazer parte de uma campanha, ou seja, não deve ser uma peça isolada dentro da estratégia de lançamento. E o seu momento precisa estar incluído dentro da estratégia de marketing da obra. O ideal para mim é que seja lançado após o início da pré-venda
- Como é o processo de criação de um booktrailer? Como você começa a estruturar o projeto?
Tudo começa com o briefing da editora e depois com a leitura do livro. E, então, buscando os elementos visuais que casem com história e junto com o autor e/ou editor chegarmos em um resultado que atinja o leitor que aquele livro poderia agradar.
- Como você entrou para esse ramo? Você sempre gostou de produção audiovisual? Teve algum projeto que te marcou mais? Conte-nos um pouquinho sobre
Minha formação é em Design gráfico, então, a parte visual esteve presente. Juntei com a fotografia e com a câmeras fotográficas (DSLRs), que tem se tornando cada vez mais capazes de gravar qualidade profissional a custo cada vez mais razoável. Acrescentei um grande interesse por cinema e vídeos de música, então se tornou um caminho natural, começar a produzir booktrailers material para as redes sociais que sempre dão destaque ao vídeo, quando trabalhava dentro de uma editora.
Um projeto que marcou muito foi produzir para a Companhia das Letras uma web série sobre o álbum “Sobrevivendo no Inferno”, dos Racionais MCs – um disco que marcou minha adolescência e agora ajudo a criar uma série de vídeos para o livro desta mesma obra. (Pode ver aqui www.youtube.com/fauehara)
- Muitos autores questionam se devem ou não investir em um trailer de livro, pois não acham que vale a pena. O que você pensa sobre isso como criador de estratégias de marketing e conteúdo audiovisual?
O motivo mais prático é que as redes sociais se tornam preponderantes como meio de propagação de conteúdo. E o Facebook e Instagram sempre preferem os vídeos em suas timelines e sendo também muito atrativo ao usuário compartilhar um vídeo em seu WhatsApp ou suas redes sociais.
E claro, o vídeo, como mídia é capaz de atrair a atenção e passar rapidamente uma mensagem e também é mais fácil para propagar qualquer mensagem do que texto e mesmo uma imagem estática.
- Qual conselho você daria para quem pensa em produzir um booktrailer?
Não pense literalmente, não é preciso recriar cenas do livro. O livro é baseado em pessoas criarem, imaginarem a partir do texto, cenas e historias e imagens. E quanto mais você incitar esta imaginação, melhor. Não é um trailer de filme e sim um trailer de um livro. E confie no criador do vídeo, um bom profissional consegue transpor estas duas formas de contar estórias, transformando em um teaser, um atrativo do livro.
- Podcasts tem crescido e ganhado muita força. Por qual motivo você associa esse crescimente de popularidade? O que difere o podcasts de outros formatos de conteúdo?
O podcast é uma forma muito próxima e intima do ouvinte, apenas precisando de um smartphone e um headphone. Você absorve conteúdo sem exigir sua exclusiva de atenção, mas, como o podcsat é uma forma de transmitir áudio, como uma rádio sob demanda, um Netflix de conteúdo sonoro em uma constância continua, seja semanal, quinzenal, mesmo diária, você cria uma pequena rotina de acompanhar aquelas pessoas que falam no seu podcast favorito, de uma forma íntima, do seu fone direto na sua orelha. Ou seja, toda semana você ouve aquelas pessoas que você admira, respeita e o que fala acaba tendo um peso desta intimidade de alguém que entra no seu dia a dia e divide seu conhecimento e impressões e estórias.
- E como funciona o processo de produzir, gravar e publicar um podcast? Qualquer pessoa pode fazer isso? Qual processo você considera mais complexo?
Existe uma parte técnica, como pode se imaginar, como microfones que captam o som que são gravados em algum dispositivo. Estes sons são tratados e editados. Depois se torna um arquivo de áudio que é feito o upload para a internet naquilo que é chamado feed. E a partir deste feed, as pessoas assinam e recebem seu arquivo de áudio automaticamente.
Hoje existem aplicativos que você consegue criar um podcast inteiramente no seu smartphone, captar, editar, subir e distribuir seu arquivo (aplicativos como Anchor). Ou seja, os meios de produção estão na mão da maioria das pessoas. Mas, claro que para uma melhor captação ter os microfones adequados, o espaço silencioso correto, gravador, mixer, um computador com softwares de edição fazem toda a diferença; A criação de imagens, thumbnails, texto de descrição também ajudam. Mas, o mais importante é conteúdo. Um bom assunto, um bom host/apresentador, um bom roteiro, ou melhor, contar uma boa história – seja ela uma discussão ou uma dramatização – e o mais importante é que seja atraente ao ouvinte. E na própria internet tem muito material para aprender a produzir um podcast ou também profissionais que possam te ajudar também nesta tarefa.
- Qual o maior desafio para prender a atenção do ouvinte, que, atualmente, é considerado como tendo a atenção dispersa?
O podcast pode ser ouvido quando você não consegue ter a atenção exclusiva, como estar no transporte, lavando louça ou qualquer outra atividade. Então, o ouvinte de podcast está disposto a dar este tempo para sua atenção. Então, para isso, a escolha do assunto, a dinâmica da conversa, o ritmo interessante, podem ajudar a prender a atenção de quem esta ouvindo. Como exemplo, existem podcasts de 5 mintutos até de 3 a 4 horas, que fazem muito sucesso. A questão é juntar o conteúdo certo para o público correto. E acho interessante que o ouvinte de podcast que quer saber mais profundamente sobre um assunto, ou seja, é oposto da dispersão, que se aproxima mais do leitor, que passa horas lendo aquele texto.
- Quanto aos podcasts de escrita e literatura, quais você indicaria para nossos autores da Labrador?
O “Caixa de histórias”, o “Curta ficção”, o “Histórias de Ninar para Garotas Rebeldes” e o “Narrativas”.
O que eu indico também é procurar por podcasts literários que sejam de seus gêneros favoritos, você vai encontrar algum que seja perfeito para seus gostos de leitura.
Se você quiser conhecer meu trabalho em podcast, procure por Rádio Companhia e Podcast do PublishNews
- Por último, como esses podcasts podem ajudar autores independentes que sonham em publicar um livro?
Com certeza, já existem casos que pessoas começam fazendo podcast e se que se transformam em livro. Como é o caso de Palácio da Memória, editado pela Editora Todavia.
O podcast é uma forma de contar uma história, mais longa que um tuíte, mais profunda que uma postagem e aproxima muito tempo que um “stories”. É uma forma de criar uma comunidade muito engajada e muito próxima ao autor.